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O homem é um ser social, não sei se por vocação ou por necessidade. Num mundo com uma população superior a sete mil milhões de pessoas não temos grandes possibilidades de encontrar uma ilha paradisíaca e desabitada, em que possamos viver a nossa curta existência de forma feliz.
Estamos condenados a entendermo-nos socialmente, a adaptar as nossas individualidades à comunidade, a ser positivos e optimistas e cooperar com os demais para melhorar a qualidade de vida colectiva e particular.
Os seres humanos, para viverem em sociedade, independente do seu tamanho, necessitam de ter uma organização que os ajude e ensine a conviver com alguma racionalidade e civilidade. A história, demonstra que cada civilização tem utilizado um modelo que lhe é próprio em função da sua cultura, hábitos e tradições, ainda que, os seus objectivos sejam no sentido de fortalecer mais as suas estruturas (instituições) que a satisfazer as necessidades dos seus povos.
O modelo democrático e capitalista do presente, pese o facto de uma vez mais com a crise sistémica de 2007-2008 ter demonstrado as suas fraquezas que parecem ser de impossível ou muito difícil solução e que necessita de ser reinventado, não deixa de ser o único sistema existente por falta de alternativa credível. Apesar da marca da sua hegemonia são poucos os que consideram um bom sistema, e para muitos um marco a atingir como aconteceu nos ultrapassados e predominantes modelos planificados de Estado económico soviético e chinês. Todavia, para quase todos, pode ser definido como o melhor dos que a história brindou.
Sendo um sistema que a todos serve e que todos os servimos, deve provocar, em todos, uma profunda, objectiva e serena reflexão, que nos ajude a conhecer os seus males e defeitos principias, alertando-nos para o caminho a seguir, de forma a evitar a desumanização de um futuro que começou a ser vivido.
A reflexão ousada, oferece a oportunidade de participar de forma activa na construção de novo sistema alternativo, que nos permita uma verdadeira realização pessoal, passo para alcançar um maior grau de felicidade.
Tal propósito, que parece ser o único possível no momento presente, não se deve circunscrever à discussão filosófica de ideias, mas sim de experimentar na prática soluções alternativas para as enfermidades do sistema político económico e financeiro que temos, procurando o crescente compromisso dos cidadãos.
Ninguém deve julgar outrem pelas suas pretensões, sem primeiro conceder a oportunidade de explicar os propósitos e ter uma solução sólida que os conteste. Se assim for, a sociedade cresceu e evoluiu e deixou de ser um conjunto de seres ligados pela inércia e afoitos ao comodismo da crítica despudorada.
A sociedade global há muito deixou de viver com a Alice no planeta das maravilhas. A Alice foi um sonho imaginário que nunca aconteceu e não existirá. A realidade é completamente oposta e é possível sonhar em refazer o planeta se nos prontificarmos a ser, seres humanos de boa vontade.
Os nadas,
Sonham as pulgas em comprar um cão,
E sonham os nadas em deixar de ser pobres,
Que algum dia mágico chova a sorte,
Que chova a cântaros a boa sorte,
Mas a boa sorte não chove ontem, nem hoje, nem amanhã, nem nunca,
Nem uma chuva miudinha de boa sorte cai do céu, por muito que os nadas a implorem,
E ainda que lhes pique a mão esquerda, ou se levantem com o pé direito,
Ou comecem o ano mudando de escova,
Os nadas: os filhos de nada, os donos de nada,
Os nadas: os nenhuns, os nada de coisa alguma,
Correndo sem destino, morrendo de vida,
Maltratados e apedrejados,
Que nada são, ainda que sejam,
Que não falam línguas nem dialectos,
Que não seguem religiões, mas superstições,
Que não criam arte, mas artesanato,
Que não se interessam por cultura, mas por folclore,
Que não são seres humanos, mas recursos humanos,
Que não tem identificação, mas braços,
Que não têm nome, mas número,
Que não figuram na história do mundo, mas nas narrações desinteressantes da imprensa local,
Os nadas, que custam menos que as balas que os matam e as palavras que os ferem,
Os nadas, merecem que algo se faça para deixarem de o ser.