A palavra stress é um anglicismo. Segundo as ferramentas para a língua portuguesa, desenvolvidas pela Priberam, e por se ter generalizado na linguagem corrente e em domínios técnicos como a medicina, tem resistido às traduções propostas como por exemplo, cansaço, fadiga, pressão e tensão, estando averbada nos principais dicionários de língua portuguesa. No entanto, e dado o seu carácter marcadamente estrangeiro, surgiram aportuguesamentos espontâneos, mais conformes às regras da língua portuguesa europeia, como o Dicionário da Língua Portuguesa Contemporânea (Academia das Ciências/Verbo, 2001), que regista a forma stresse.
As pessoas que trabalham nas áreas de serviços são as mais sujeitas ao stresse ou burn out. A fim de o prevenir, existe a necessidade de reconhecer os primeiros indícios do stresse. Não os devemos minimizar, tentando ignorar como se fosse uma situação passageira, mas ver como algo que está a alterar a nossa vida profissional, pessoal e familiar. O stresse não se combate pelo aniquilamento dos desejos ou pelo rearranjo das prioridades da vida.
O stresse é a pressão causada por situações asfixiantes, que ocasionam reacções psicossomáticas ou alterações psicológicas, muitas das vezes revestindo carácter de gravidade. É ao conjunto de tensões ambientais e psicológicas exageradas, que variam de pessoa para pessoa, que rompe a estabilidade homeostática ou de auto-regulação da pessoa e ao qual devemos estar atentos. Constituindo um sistema, o stresse, organiza as respostas do nosso corpo aos ataques provenientes do exterior.
Face a tal séria investida, respondemos de duas formas possíveis, através do ataque ou da fuga, ambas associadas a uma sequência de procedimentos fixos em termos de atitudes neuroendócrinas e inflamatórias. Esta resposta, necessária e positiva da pessoa, na maioria das vezes, tem efeitos prejudiciais para o corpo, que não anda dissociado da mente.
Em algumas circunstâncias da vida, todos passamos por situações que nos produzem sensações negativas e a tendência é a escolha de soluções, que por vezes, não são as mais adequadas. Essa sensação é fruto da desadequação da resposta à provocação que se apresenta com contornos conflituosos. Tal, como no colesterol que existem o bom e o mau, e que me perdoem os médicos psiquiatras, neurologistas ou psicólogos mais treinados na química cerebral, podia-se por similitude falar-se de mau stresse ou destresse, sendo este, o acumular no tempo de um sentir de permanente cansaço com laivos de receio perante a própria vida
Os primeiros sintomas, dão-se através de múltiplos sinais e podem ser constituídos por um ou vários sintomas. Os mais frequentes, são a depressão ou ansiedade, dores de cabeça, insónia, cansaço, palpitações, irritabilidade, problemas sexuais, mal-estar do estômago em geral, gastrite, contracção dos músculos da nuca e costas, constipação, diarreia, alteração nas relações pessoais e no peso, erupções cutâneas, etc.
No plano psicológico, a ansiedade é um dos primeiros sintomas a manifestar-se. A pessoa que trata de se adaptar e amoldar às pressões internas e externas, sente ansiedade e pressões no corpo, que a podem conduzir à angústia. A angústia é uma situação onde o grau de stresse é mais elevado.
Os sintomas referidos estão localizados entre os sinais psicológicos, onde se encontra a alteração do estado de espírito e a irritabilidade, que produzem uma má relação com o meio envolvente e que pode caracterizar-se por dois tipos essenciais; o agudo, que é uma resposta às pressões do passado imediato, antecipando-se aos acontecimentos futuros, e que em geral, pode apresentar-se como estímulo e é excitante em pequenas doses, tornando-se sempre momentâneo, esgotante e forte no plano emocional, e o crónico, que se estende durante meses ou anos, produzindo doenças de carácter permanente, de maior gravidade, quando a pessoa tem dores de estômago, dores de cabeça frequentes, etc. Situações essas que exigem a imediata intervenção médica. Essa repetição é a nota fora da pauta. As pessoas preocupadas dão-se conta. Sentem que algo de anormal se está a passar e procuram ajuda.
No próximo texto, dado o seu interesse, juntarei uma breve bibliografia para quem queira aprofundar um tema que todos vivenciamos em determinados momentos da vida.
Jorge Rodrigues Simão, 29.01.2010