JORGE RODRIGUES SIMAO

ADVOCACI NASCUNT, UR JUDICES SIUNT

Economias emergentes

“Until at least 2030 developing Asian economies are likely to make up the lion’s share of the fastest- growing markets in the world. Asian economies suggest that this region will redefine the geography of trade and growth even more quickly and decisively than expected. Because Asia offers the largest emerging markets, superior growth rates, and new patterns of trade diversification, this region is becoming the leading edge of the global economy for the next generation.”

 

Trade Facilitation and Regional Cooperation in Asia

Douglas H. Brooks and Susan F. Stone

 A crescente procura de capital pode pressionar as taxas de juros e saturar determinados sectores, ainda que, existam sinais favoráveis para o sector privado global. À margem de previsões fatalistas, as empresas que actuam à escala mundial mantêm boa posição e mostram excelentes fluxos de caixa.

No final do primeiro semestre de 2010, as empresas privadas acumulavam cerca de quatro mil milhões de dólares e pagavam por essa acumulação, 1,5 por cento anual, a longo prazo. Simultaneamente as economias em desenvolvimento continuavam a urbanizar e a industrializar, oferecendo perspectivas promissórias para a presente década.

Não obstante, muitos projectos viários, portuários, energéticos, hídricos e, em geral, de infra-estruturas públicas, para além de novas fábricas e compra de equipamento pesado, pode criar inesperadas pressões sobre o sistema financeiro internacional.

É possível que em 2030, a oferta de capital disponível (vontade de poupar) não satisfará a procura, ou seja, o nível desejável de investimentos para esse tipo de projectos, não será suficiente.

As taxas de poupança pessoal nas economias dos países desenvolvidos, começando pelos Estados Unidos, têm vindo a diminuir desde o começo da década de 1980, e o envelhecimento da população impede inverter a tendência.

Simultaneamente, os esforços da China para impulsionar o consumo das famílias, dissimulando riscos inflacionários, farão diminuir o ritmo de poupança em todo o mundo. O desequilíbrio entre a oferta e a procura mundial de capital irreversível pode fazer aumentar as taxas de juro, impedir certas colocações e actuar como potencial travão ao crescimento.

Por outro lado, enquanto se transformam os padrões globais de poupança e investimento, os fluxos financeiros entre países ou blocos, exigirão novos canais de mediação privada e intervenção estatal. Esses agentes influirão decisivamente sobre as decisões governamentais, banca, investidores, executivos e instituições financeiras.

Em diferentes períodos da história, foram necessários investimentos massivos em activos físicos, fundamentalmente, infra-estruturas, fábricas e habitações. Alguns desses períodos incluíram as duas primeiras revoluções industriais dos séculos XVII e XVIII, após a Segunda Guerra Mundial ou plano do general George Marshall para a Europa Ocidental e Japão.

A expressar necessidades e ambições, iniciou-se um novo apogeu no investimento, cujas locomotivas são as economias emergentes, mas são capitais que circulam dentro do mesmo circuito. Na Ásia Oriental e Meridional, Sudeste Asiático, América do Sul, Rússia e parte de África, a procura de habitações, redes viárias, transportes ferroviários e urbanos, redes hídricas, hospitais e escolas está a aumentar.

A taxa mundial de investimentos cresceu desde 22 por cento do produto interno bruto global (PIB global), que é um parâmetro contestável, em 2002, para 24% em 2007, tendo essa tendência sido interrompida pela recessão ocidental de 2008 e 2009, com retoma em 2010 e no corrente ano.

O crescimento nesse período, foi devido essencialmente às altas taxas de investimento da China e Índia, não excluindo outros países emergentes da América do Sul com o Brasil a liderar. Tendo em consideração os pequenos níveis de activos físicos e financeiros acumulados pelos países de economias emergentes, o aumento da taxa de investimento poderia durar dezenas de anos, se não existisse a presente recessão nos Estados Unidos, com uma taxa de desemprego de 10 por cento registada em Dezembro (prevendo-se que este mês caia para 9,7 por cento), ou a crise da dívida soberana na União Europeia (UE), que são impossíveis de prever a sua evolução a curto prazo, e que podem afectar a oferta de capitais oriundos desses países.

As previsões de crescimento apontam para uma procura mundial de capitais ao redor de 26 por cento do PIB global em 2030, que teria de ser corroborado por um investimento privado internacional de vinte e cinco mil milhões de dólares nesse ano em valores constantes, o que significa mais de duas vezes, os mais de doze mil milhões de dólares previstos para 2008 e que não foram actualizados até ao presente. Soma o facto de se desconhecer qual será a evolução do PIB global.

Seja qual for a evolução quer nos Estados Unidos, quer na UE, o perfil dos investimentos mundiais irá sendo alterado em conformidade com o crescimento dos países de economias emergentes.

O modelo tradicional das economias dos países desenvolvidos, indica que o investimento faz melhorar a acumulação de capital, modernizando fábricas, empresas, material circulante, sistemas informáticos e mão-de-obra. Todavia, tudo indica que o apogeu abrangerá principalmente o sector imobiliário e as infra-estruturas, tendo em consideração que em 2008, os países de economias emergentes investiram em infra-estruturas, uma taxa duas vezes superior à dos países desenvolvidos.

O desequilíbrio estendia-se porém, a outros sectores, com particular incidência e amplitude nos transportes, traduzido nos destinos, aeroportos, transportes ferroviários e a energia, combustíveis e redes hídricas.

A taxa de poupança na China irá diminuir se o governo continuar a estimular o consumo das famílias com o reforço das medidas anti-inflacionistas, implementadas em Novembro de 2010.

Em 2008, a China passou os Estados Unidos, como sendo o país com a mais elevada taxa de poupança do mundo, que era metade do PIB, mas irá seguir a prática comprovada pela história do Japão, Coreia do Sul, Taiwan e Malásia, e o ritmo de poupança irá diminuir à medida que o país enriquecer.

Esse processo iniciou-se quando o governo começou a adoptar políticas a favor do consumo e anti-poupança para sustentar o crescimento da economia. As medidas anunciadas pelo governo chinês em Novembro de 2010, prevêem minimalistamente que em 2030 deixaria de acumular dois mil milhões de dólares em valores constantes. As previsões apontam para que a procura global de capitais, para 2030, seja cerca de quatro mil milhões de dólares em infra-estruturas e cinco mil milhões de dólares em imóveis para residência.

Os capitais necessários para financiar esses investimentos provêm dos países desenvolvidos e em desenvolvimento. Nos últimos trinta anos e até 2002, a taxa mundial de poupança como parte do PIB global, foi diminuindo, dado um acentuado declínio na poupança familiar dos países desenvolvidos.

A partir de 2002 e até 2007, houve um aceleramento nas economias desenvolvidas de 21 a 25 por cento do PIB global. As economias em desenvolvimento com taxas de crescimento altas, que mais aumentaram a sua participação no PIB global foram a China, Índia e Brasil.

Face aos condicionalismos referidos é possível que a taxa mundial de poupança não apresente grande dinamismo nas próximas duas décadas, tendo como causa deslocamentos estruturais no conjunto da economia.

 

Jorge Rodrigues Simão, in “HojeMacau”, 14.01.2010
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